Lives, quarentena e YouTube: um estudo das transmissões ao vivo do canal “omeleteve” durante a quarentena

Em meados de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a orientar que o Brasil deveria iniciar um período de isolamento social devido a Covid-19. A doença de fácil transmissão pelo ar espalhou rapidamente pelo mundo ganhando o status de pandemia e provocou muitas mudanças de hábitos. Máscaras e álcool em gel 70 se tornaram itens indispensáveis, lavar as mãos se tornou um ritual com direito a tutorial explicativo e a higienização de mercadorias e sapatos ao chegar em casa virou uma necessidade para maior proteção. E dentre essas várias alterações de rotina e convivência, a relação das pessoas com as mídias foi talvez a que sofreu mais afetações. Com a impossibilidade de sair, elas se tornaram o principal meio de comunicação entre as pessoas “afastadas” pela quarentena e também uma fonte de lazer.  Atividades cotidianas quando possível passaram a ser realizadas online como trabalho e estudo.

Nesse novo panorama houve o crescimento do consumo de vídeos na internet, mais especificamente de um tipo de conteúdo: as “Lives” vídeos transmitidos ao vivo pela internet. Anteriormente elas eram mais comuns em alguns nichos específicos como gamers, porém durante a pandemia se popularizaram e conquistaram novos públicos, segundo o  Business Insider (site de notícias) foi registrado um aumento de 70% no consumo e produção das lives nas plataformas digitais em geral.

Nossa pesquisa então busca iniciar alguns apontamentos e possibilidades de análise da produção desse tipo de conteúdo nesse momento atípico, com a intenção de compreendê-lo e buscar traçar alguns parâmetros acerca dele. Para isso analisaremos os vídeos “ao vivo” realizados pelo canal  “omeleteve”, um nativo digital que vinha realizando há alguns anos lives no YouTube através do programa semanal “Omelete Lives”. Acreditamos que as produções deste canal possam trazer questões interessantes de estudo visto que ele possui experiência na produção de conteúdos audiovisuais com transmissão ao vivo para internet, mas ao mesmo tempo também foi atingido pelas mudanças desse novo momento.

Como metodologia utilizaremos a Análise da Materialidade Audiovisual, conceito desenvolvido no âmbito do Núcleo de Jornalismo e Audiovisual (CNPq-UFJF) por Coutinho. A proposta traz como principais aspectos proporcionar uma análise integral do audiovisual considerando todos os seus elementos (texto+som+imagem+tempo+edição) de modo unificado e trazendo a possibilidade do estabelecimento de eixos e itens de avaliação tendo em vista as questões de pesquisa, o referencial teórico utilizado e ainda, os elementos paratextuais.

Destacamos que em nossa observação notamos que a ascensão das live trouxe maior competição visto que a produção deste conteúdo aumentou, contudo também houve aumento dos consumidores de lives, assim o canal em estudo adotou algumas novas estratégias visando reforçar laços com o público anterior e conquistar novas audiências. Dessa forma os temas abordados nas lives foram mais variados e diversificando com mais apelo popular e inserção de convidados que possuem canal no YouTube para agregar novos públicos, além da busca constante por interação com a audiência, através dos comentários deixados no chat durante as transmissões.

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